sábado, 27 de dezembro de 2008

CHEGANDO NO ARIZONA

A frota de aviões comerciais que se vê aqui, tem o mesmo perfil da nossa, pelos seus tipos e tamanhos. Também tem uma aviação regional, feita por aviões pequenos, destes fabricados pela nossa EMBRAER e até de aviões a hélice. A diferença é o tráfego, que daqui é imenso, ao ponto de ter engarrafamento na hora da decolagem. Na região metropolitana de Phoenix, capital do Arizona, há 12 aeroportos, entre o internacional (Sky Harbour, que quer dizer Porto do Céu, bonito não?), municipais e alguns particulares de condomínios de casas de gente que tem garagem para seu avião particular.
Estamos a 3 horas de automóvel da fronteira com o México. O Arizona, juntamente com o Novo México, Texas, Nevada e a Califórnia, foram comprados ao México pelos Estados Unidos há muitos anos atrás. Por isso que há tantos nomes espanhóis: Los Angeles, San Francisco, San Diego, Los Alamos e Mesa. Por isso que os tipos físicos das pessoas aqui tem tanta aparência com os mexicanos. Tem muitos restaurantes mexicanos e os prestadores de serviço mais humildes são mexicanos. Os americanos típicos (“red neck”) são mórmons e tem preconceito racial com os mexicanos. Foi por aqui aconteceu aquele “velho oeste” do cinema. O Forte Apache virou cidade, manteve o nome “Fort Apache” e é perto daqui.
A viagem de avião da Flórida ao Arizona durou 6 horas. Isto dá uma dimensão de como é largo este país. De costa a costa (do Atlântico ao Pacífico), que eles chamam “coast-to-coast”, dá umas 8 horas. Era um vôo econômico, com uma escala, sem lugares marcados, diurno e não lotou. O pessoal de bordo veste-se de forma simples, calça padrão e camisa pólo com a marca da companhia no peito. Antes de servir, a aeromoça passou anotando o que queríamos beber. Serviram dois lanches, de uns salgadinhos em pacote, com refrigerante. Mas avisaram antes que podia levar lanche a bordo. Revistas de venda de produtos por correspondência e da companhia de aviação (Southwest). Vi alguns passageiros usando “DVD-Players” para assistir seus filmes durante o vôo. Outros usavam seus “laptops” para trabalhar. O vôo transcorreu no horário, sem irregularidades. Na saída haviam 4 funcionários da companhia com cadeiras de rodas para retirar os que precisavam delas.
Conforme combinado com a irmã Beta (Ana Elisabeth), ela estaria me esperando do lado de fora do desembarque, evitando o estacionamento. Tanto quanto aí, as pessoas também não gostam de pagar para estacionar. E não é só brasileiro não, vi carros de americanos largados nos locais reservados para pegarem as pessoas que desembarcam. Para multar os infratores há guardas circulando de “Walk-Machine”, aquela espécie de patinete motorizado que nossas crianças ricas tem.
Beta está bem. Mais magra, elegante, ela é 2 anos mais jovem que eu. Um abraço apertado e pressa para o carro não ser multado. Faziam dois anos que não nos víamos, porém nos escrevemos pela Internet freqüentemente. Ela é a irmã que veio a menos tempo para cá, há 9 anos. Cabi,a Carmem Beatriz, é a pioneira; está aqui a 35 anos, é cidadã americana, com 3 filhos e marido americano. Temos um jantar marcado para a casa de Cabi a noite.
Beta (que está esperando o “green card”, para regularizar-se perante a Imigração) mora com seu marido (casou a 3 anos) americano Ken na casa deles. Seus dois filhos brasileiros, Edgard (25) e Breno (22) moram na casa que ela comprou a 5 anos. É lá que ficarei no quarto disponível. A casa foi comprada depois de 2 anos de trabalho duro, em turno, como telefonista bilíngüe da Sprint. Agora ela é corretora de imóveis e está ganhando melhor. Os filhos trabalham como abastecedor de combustível de aviões (Edgard) e instalador de sistemas telefônicos comerciais (Breno), se sustentam, pagam as prestações de seus carros respectivos ao banco e aluguel da casa a mãe. Este é o padrão americano.
Cabi é casada com Zarco, um chicano, que é o mestiço de índio americano com mexicano. Ele é um moreno de olhos verdes. É mãe de Quetzal (23), Tizoc (16) e Zarina (13). São todos artistas, músicos, pais e filhos. Adicionalmente, Zarco é escultor e Cabi é empresária de todos. Quetzal toca numa banda e mora em Porto Rico, ilha caribenha que é território americano. Seus irmãos menores ainda estão estudando e praticam capoeira (regional) com um mestre brasileiro, nascido em Recife. Todos os sobrinhos aqui falam português.
Além destas três casas já citadas, temos uma quarta casa de Nandinho, filho de Ernando, nosso irmão mais velho que mora em Recife. Nandinho faz uma pós-graduação (MBA) em Administração, é treinador de futebol para crianças e toca numa banda de música brasileira, com músicos brasileiros. Sua irmã Rafaela, está aqui a mais tempo e já é cidadã americana. Ela engenheira eletrônica e mora em San Diego na Califórnia. Atualmente foi passar o Natal com seus pais em Recife. Para quem perdeu as contas, tenho nos Estados Unidos: 3 irmãs, 10 sobrinhos (filhos de 4 irmãos) e 1 sobrinho-neto. Em Recife são mais: 4 irmãos, 5 sobrinhos, 1 sobrinho-neto, 2 filhos e 2 netos. Tenho ainda um filho em Florianópolis.
A casa onde estou fica num condomínio de umas 50 casas conjugadas, sem portões ou vigilância. Há uma quadra de tênis, piscina e uma Jacuzzi (banheira com jatos d’água para massagem) térmica, em frente a casa. No térreo há a sala com lareira (está fazendo 10 graus ou menos, a noite), copa/cozinha (que chamamos apropriadamente de cozinha americana), dois quartos, um banheiro e um pequeno quintal cimentado com portão de serviço. No primeiro andar, na forma de mezanino, tem mais um quarto com banheiro e uma área de estar, onde estou no computador, com a televisão ligada. A máquina do sistema central de climatização, que esquenta ou refrigera a casa a depender da época do ano, fica sobre o telhado. Não há garagem, os veículos ficam estacionados externamente. Edgard tem uma caminhonete Chrisler RAM cabine dupla, nova, cara, grande e bonita; Breno um automóvel Honda Accord e Cabi me emprestou um Ford Taurus de um amigo. Como nós, todos tem celulares. Não há numeração própria para os telefones celulares, ou seja, pelo número não se sabe se é um telefone fixo ou móvel. Eles tem um sistema de “Walkie-Talkie” gratuito nos celulares. A diferença é que um fala de cada vez e não há limites de distância para falar. O alcance chega até a outras cidades. Algumas operadoras da telefonia móvel oferecem gratuidade no uso dos telefones durante o fim de semana. Neste estado não é proibido falar ao telefone enquanto dirige-se um automóvel. E se alguém pensou que brasileiro fala demais ao telefone, saiba que aqui é a mesma coisa. Os jovens então...

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