sábado, 27 de dezembro de 2008

CRÔNICA DE UM REENCONTRO APÓS 39 ANOS


Eduardo Jorge, dezembro de 2005


Há cerca de 12 anos atrás, passando o período natalino em Recife, procurei o mais visível dos nossos colegas, Armando Monteiro Neto. Encontrei-o na NORAÇO, indústria metalúrgica fundada pelo seu pai, perto da casa de meus pais em Afogados. Acho que ele já era então Presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco. A seguir Armando elegeu-se deputado federal e Presidente da CNI – Confederação Nacional da Indústria e passamos a vê-lo freqüentemente nos telejornais.
Deste agradável reencontro, guardei na memória uma informação de Armando. Otacílio Diogo almoçara no Restaurante Leite e mandou um recado por um garçom de que ele era médico nefrologista e morava em San Diego, na Califórnia.
Evidente que coube a mim, morador do Brasil, iniciar os contatos. O primeiro foi de novo com o visível Armando. Mandei uma mensagem via Internet para sua caixa postal eletrônica como deputado federal (dep.armandomonteiro@camara.gov.br), mas com uma recomendação no título: MENSAGEM PESSOAL – FAVOR ENCAMINHAR. Eu faria uma tentativa de conciliar a vinda de Diogo a Recife, com a carregada agenda de compromissos de um candidato a governador de Pernambuco. E nós vamos ajuda-lo chegar lá.
Enquanto isso eu usava a informática para tentar localizar os nomes que eu lembrava. Usei o localizador de pessoas do “Yahoo” e os “sites” das editoras de listas telefônicas de Pernambuco: Editel e Telelistas. O sobrenome Hawatt é incomum e eu achei uma pessoa no “Orkut” com tal sobrenome. Era o filho do nosso Hawatt, o Felipe. Estávamos em maio e eu plantava a semente do encontro em Recife. Hawatt comprou a idéia de primeira e estava envolvido na caça aos ex-colegas, onde foi inexcedível.
Diogo esteve em Recife no final de novembro e Armando só teria disponibilidade nos dias 5 ou 9 de dezembro. Assim me foi comunicado pela sua secretária na CNI, D. Cirléia Villaça. Paciência, não daria para ter todos neste ano. Informei a Diogo que nós iríamos tentar assim mesmo, sem ele, pois serviria de prévia para o próximo ano.
Fizemos o curso ginasial de 1963 a 1966, que chegou a ter duas turmas, a da manhã e a da tarde, posteriormente fundidas pela manhã. Faremos 40 anos de conclusão em 2006. Alguns de nós foi colega desde o curso primário, onde fomos alunos de Dona Lúcia (a bela que me trocou por Rozendo, o secretário) e Dona Maria Odete. Boa parte da turma se dispersou para fazer o 2º grau. O pessoal que foi fazer Direito, dirigiu-se ao Curso Clássico e a maioria, que precisava saber matemática, física e química, fez o curso Científico, alguns em outros colégios. O Colégio São João voltou a ter este curso com a nossa turma.
Não havia mais tempo a perder, defini o local, a data e informei à secretária de Armando e a Hawatt. O Restaurante Leite foi o local escolhido, ele é o mais tradicional de Recife. Todos tem uma história ou um desejo relacionado a ele. A data de 9 de dezembro de 2005 seria uma sexta-feira enforcada pelo feriado de Nossa Senhora da Conceição. Hawatt reservou uma mesa para 10 pessoas a partir das 12 horas.
Tentei localizar os “baianos” Milton Bezerra e Maurílio Andrade, que como eu vieram para Salvador. Milton agora está no Rio de Janeiro e o nosso dentista pernambucano Edson Manchester, me deu seu telefone. Quando consegui falar com Maurílio, já estava muito próximo do evento. Este ano não deu para ele ir.
Fui o primeiro a chegar no Restaurante, eram 11:30 horas, tirei fotos do ambiente ainda vazio e passei a prestar atenção nos senhores que entravam. Finalmente, em torno das 12:15 horas, chegou um primeiro senhor que me pareceu familiar, era Murilo Canavarro, o Mérilou (tem uma pseudo-pronúncia inglesa, que é onde está o charme, coisa da nossa adolescência). Murilo usa um cavanhaque que de longe lembra o bigodão que seu pai ostentava. Eu sou o “Tolet”, no tal inglês é claro; que deixo de “traduzir” o que todos já sabem.
Foram ainda chegando numa ordem que já não lembro: Jorge de Abreu, Milton Bezerra, Armando Areias e Paulo Rangel. Cláudio Bruno e Hawatt chegaram juntos e com uma história engraçada. Tínhamos o telefone de Cláudio que não atendia, até que num contato de última hora, Hawatt me pediu o endereço dele, resolveu ir lá. Cláudio não estava em casa e Hawatt fez plantão em sua porta aguardando que ele chegasse para o almoço. Foi quando encontrou um prestador de serviços que vinha trazer do conserto sua máquina de lavar roupa. Cláudio não reconheceu Hawatt, que se aproximou dizendo-se policial federal, que havia encontrado drogas dentro de sua máquina. Num diálogo rápido e engraçado, Cláudio eximiu-se de culpa e estava disposto a dispensar o “policial”. Daí Hawatt apresentou-se e intimou Cláudio a vir com ele, naquele momento, para o almoço.
A vinda de Paulo Rangel também foi intempestiva (usando a linguagem dele, advogado que é). Ficou sabendo de última hora e desprezou todos os compromissos pelo resto do dia. Passou a tarde recebendo telefonemas no celular e dando desculpas; a alguns ele nem atendia. Paulo disse-nos que já havia realizado aquele encontro, mentalmente, inúmeras vezes. Paulo extravasou sua satisfação na quantidade de doses dos três litros de “Black Label” que foram consumidos pelo grupo naquela tarde. E o tempo inteiro ressaltava a preferência do Padre Oséas pelo nosso expoente da matemática, Milton.
Armando Areias não pode demorar muito conosco, por força de compromissos anteriores. Não chegou a almoçar, pois o almoço só foi servido às 16:30 horas. Ronaldo Pomposo não chegou a encontrá-lo, pois chegou mais tarde e também não pode almoçar. Ficou cerca de uma hora conosco e foi cuidar se seus clientes italianos, prestes a fechar um bom negócio. O último mesmo a chegar foi Armando Monteiro, lá pelas 16 horas. Desde cedo na tarde que sua secretária monitorava o que acontecia, informando que ele estava em Caruaru dando uma entrevista, mas que viria.
Ninguém se apressou para almoçar, o uísque rolava solto, os tira-gostos também, mas principalmente a conversa era o que mais interessava. Atualizamos nossos dados em uma planilha, onde também íamos lembrando de novos nomes e apelidos ainda não anotados. Além da vida que cada um tem hoje, os casamentos, filhos, netos, empregos e a lembrança dos colegas ausentes, o tema só podia ser o nosso querido Colégio São João. Lembramos dos padres: Dimas, Oséas, Leopoldo (que soubemos estar cego), Carlos, Roberto, Abelardo (Jorge de Abreu tentará um contato com o mesmo para estar conosco em 2006), Estevão, André (na época veado, hoje promovido a pedófilo...). Saudades do Capitão Sobreira e suas aulas de Educação Física. Lembramos dos colegas que já morreram: Paulo Menelau, Paulo Andrade Lima (irmão louro de Ivan). Lembramos ainda de Dom Borghi, que morava no colégio e dirigia o Centro de Física Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco. Foi feita enquête de quem assaltava a despensa dos padres e lembramos das nossas histórias nos Jogos Colegiais. Por fim não faltaram inconfidências sobre visitas noturnas secretas dos nossos queridos predecessores, a uma certa dama da vizinhança, que ressaltava os dotes do Padre Dimas. Foi tudo muito engraçado e às vezes emocionante. Estivemos entre sorrisos e lágrimas nos olhos.
A mulher de Milton juntou-se a nós ao final da tarde, a tempo ainda de beliscar e bebericar um pouco. E duas outras foram convocadas para rebocar seus respectivos. Paulo Rangel ainda teve forças para convencer a sua mulher, de quem um dia já separou e casou de novo, a vir busca-lo. Mas a de Murilo foi convocada por Armando, pois o marido adormeceu. Mas antes disso ele registrou sua alegria com tudo e com todos, dizendo repetidamente o seu: ”É de se fuder...!”.
A farra terminou em torno das 18:30 horas, com todos prometendo retorno no próximo ano e a expectativa de mais adesões.

P.S.: veja as fotos deste encontro em http://br.groups.yahoo.com/group/colegiosaojoao/

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