sábado, 27 de dezembro de 2008

OS VEÍCULOS E O TRÂNSITO

Como seria previsível, o trânsito é bastante organizado, sinalizado e seguro, sem a presença ostensiva de policiais. Não basta para nós brasileiros sabermos as leis gerais de trânsito com sua sinalização para dirigir aqui. Há algumas convenções que desconhecemos. Várias ruas de mão dupla tem um número ímpar de faixas de trânsito, onde a do centro não deve ser usada para trafegar, ela serve para manobrar. Quando seguimos pela rua e queremos fazer uma conversão para a esquerda, temos que passar para esta faixa, desacelerando, para aguardar o momento de fazer a manobra. Da mesma forma quando entramos numa via destas para seguir para a esquerda, primeiro vamos para esta faixa central para acelerar e entrar, esperando a vez, no fluxo do trânsito na faixa agora à direita. Nos cruzamentos, toda entrada a direita é livre, bastando aguardar a vez. Não há grande fiscalização quanto ao limite de velocidade dos carros, embora ele esteja fixado em placas. Mas a maioria dos sinais luminosos de trânsito tem câmaras para registrar quem ultrapassar indevidamente a luz vermelha. Quando tem uma placa de pare (stop) num cruzamento, não pode desacelerar, olhar e seguir. Tem que parar, mesmo que não venha nenhum carro na outra direção. E estas regras são rigorosamente observadas porque a polícia tem a surpreendente habilidade de estar presente quando o motorista menos espera. A coisa que o americano mais preza é o seu crédito e o seu bolso. E as multas de trânsito vão para o seu registro ou prontuário (o temível “record” deles). Até aí tudo bem, já que também temos pontos descontados na nossa carteira de motorista brasileira. O problema aqui é que todos têm que ter seguro de acidentes e o valor do seguro depende do “record” do motorista. Então o motorista é multado, tem que pagar a multa e será penalizado no valor da renovação anual do seguro. Se a pessoa deixar de pagar um determinado número de multas, será preso e encaminhado para um julgamento por um juiz de plantão. Isto pode significar, uma nova multa e prisão por um mês.
Quando um ônibus escolar pára, para uma criança embarcar ou desembarcar, o trânsito tem que parar nas duas direções. Isto para não criar um risco para uma criança no momento em que não há uma pessoa segurando a mão dela. Não existem carros menores (vans) fazendo transporte escolar e dirigindo como uns loucos como temos aí. As duas instituições mais respeitadas que vi por aqui não são as mulheres e os velhos, são os inválidos, as crianças e os animais domésticos (cães e gatos). Tanto que todo menor de idade deve usar capacete para dirigir uma “walk-machine”. Os motociclistas menores de 18 anos são obrigados a usar capacete, depois disso são liberados. Passa a ser obrigatória aos motociclistas apenas a proteção para os olhos. Não há fila preferencial para idosos em bancos, correio ou supermercados. Os privilégios só são dados aos inválidos, principalmente quanto às várias vagas nos estacionamentos. É preciso lembrar que, tirando as obrigações constitucionais, as leis mudam de estado para estado. As mulheres dirigindo não são vistas com o preconceito da nossa cultura.O maior risco de acidente no trânsito daqui é provocado pelos idosos que ainda dirigem e eles são muitos. Jovens tiram licença para dirigir aos 16 anos e podem aprender a dirigir com os pais. Há um primeiro período em que ele pode dirigir com um dos pais ao lado, até completar um determinado número de horas. Depois passa a dirigir sozinho até os 18 anos, sob a responsabilidade dos pais. O pátio de estacionamento das escolas é grande pois a maioria dos adolescentes (meninos e meninas) se afirma perante os demais dirigindo seu próprio carro. A maioridade para algumas coisas acontece aos 18 anos, para outras só aos 21.
Caminhonetes e Utilitários estão passando a ser o tipo de automóvel mais usado pelos americanos. Os jovens gostam de elevar bastante a suspensão do veículo colocando-lhes rodas especiais grandes e largas. Eles têm a mesma palavra “truck” para designar caminhonete ou caminhão de qualquer tamanho. E usam intensamente reboques para transportar cargas e equipamentos. É comum vermos uma caminhonete com sua área de carga desocupada enquanto o reboque leva o material. Outra coisa interessante é ver um utilitário transportando uma cadeira de rodas elétrica pendurada num suporte na traseira, como se fosse uma bicicleta. Ou um caminhão transportando uma empilhadeira pendurada na sua traseira, usada para manobrar a carga que transporta. Mudanças são feitas pelos próprios moradores, alugando reboques de vários tamanhos da empresa U-HAL, que tem filiais em todas as cidades. Cada profissional que trabalha em exteriores ou a domicílio tem a sua caminhonete com o reboque adequado para transportar seu equipamento.
Os postos de combustíveis de todos os tamanhos funcionam 24 horas com apenas um empregado que fica no caixa da loja de conveniência. Só tem gasolina e óleo diesel, não tem álcool e só são construídos em esquinas. Raras bombas de gasolina numa cidade têm um frentista para atender e quando tem, o preço é maior. O sistema é de auto-atendimento para tudo e para todos, seja o cliente homem, mulher, moço ou velho. Se o pagamento for feito por cartão de crédito, a própria pessoa passa o cartão, digita a senha, escolhe um dos três tipos de gasolina, pega na mangueira e abastece seu veículo. Se o cliente quiser pagar em dinheiro, vai antes à loja pagar e a bomba será liberada pelo caixa, por computador, para abastecer de combustível até aquele limite pago. As máquinas para lavagem da pintura dos veículos, calibragem dos pneus, água para o radiador ou aspirador de pó para passar no interior co veículo, são automáticas e funcionam com moedas. Há câmaras de vídeo por todas as partes. Vi mais uma cena interessante. Observei que em frente a uma casa de funerais, havia uma preparação para a realização próxima de um enterro. O caixão com o morto provavelmente iria ser levado para o cemitério ou crematório. E havia um carro da polícia e mais 3 batedores da polícia com suas motocicletas esperando o enterro. Perguntei a Beta: todo enterro aqui tem essa cobertura da polícia? Ela respondeu: ”Não, esta é a terra das opções. Aquelas pessoas quiseram este acompanhamento, foram na polícia e contrataram e pagaram pelo serviço público”. No Brasil, todo mundo sabe que isto se resolve com as amizades, com o jeitinho... Quem estará certo?

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